É possível prevenir o AVC?

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A maior parte dos Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs), popularmente conhecidos como “derrames cerebrais”, tem como causa os fenômenos tromboembólicos, com obstrução de algum segmento da circulação cerebral por trombose de um vaso previamente doente (no local da placa de aterosclerose) ou embolia de fragmentos de placa provenientes de lesões ulceradas das carótidas e vertebrais para vasos intra cerebrais. Cerca de 67,9% dos casos de AVC isquêmico (AVCi) estão relacionados com lesões obstrutivas na bifurcação das carótidas e 40,7% com lesões nos segmentos iniciais das artérias vertebrais.

A maior parte das placas das carótidas e vertebrais é assintomática e impossível de ser identificada apenas durante o exame físico médico. Por esse motivo a realização de exames não invasivos é importante para detectar essas placas em indivíduos de risco para futuros eventos neurológicos isquêmicos (pacientes diabéticos, hipertensos, com alterações do colesterol e triglicérides, tabagistas e aqueles com história de algum evento cardio-vascular prévio).

Tanto a bifurcação das carótidas como porções iniciais das artérias vertebrais são facilmente visualizadas através da Ultrassonografia Vascular com Doppler (o chamado Ultrassom Doppler Colorido das Carótidas e Vertebrais) sendo este, portanto, o exame inicial para a investigação de doenças nesses vasos.

O exame de ultrassonografia com doppler associa a capacidade de avaliação da parede vascular e tecidos adjacentes (através das imagens em escalas de cinza) à avaliação das características do fluxo do sangue no interior dos vasos (através das imagens em cores e avaliação dos gráficos/traçados de doppler).

Se trata de um exame relativamente de baixo custo, de fácil acesso, rápida realização e indolor.

Em geral é realizado com o paciente deitado, com o pescoço esticado e levemente girado para o lado oposto ao lado avaliado. É usada uma camada de gel entre a pele e o transdutor do ultrassom, garantindo a propagação do som entre o equipamento e os tecidos do pescoço, permitindo que as imagens sejam geradas e analisadas. É possível avaliar as carótidas e vertebrais desde a sua origem próximo à clavícula até as proximidades do ângulo da mandíbula, onde se tornam profundas e tomam uma posição dentro do crânio, sendo este o limite de visualização através do ultrassom.

A primeira etapa do exame é feita em escala de cinza (imagens em preto e branco) e nela avaliamos a parede dos vasos quanto à sua integridade, espessura, trajeto (se retilíneo ou tortuoso), presença de placas (tamanho, extensão, posição, composição) e áreas de calcificação. A medida da espessura da carótida comum próximo à sua bifurcação é um parâmetro avaliado na estimativa do risco de doenças cárdio-vasculares pois seu aumento sugere o desenvolvimento de aterosclerose carotídea e coronariana. O aspecto da superfície das placas (se lisas ou irregulares) e sua composição (fibrose, gordura, cálcio ou mistas) também são visualizados e dão indícios dos riscos de complicações envolvidos em cada caso.

A segunda etapa consiste em avaliar o grau de estenose (estreitamento) dos vasos. Quanto maior a estenose maior o risco de ocorrer um AVCi e, portanto, maior o benefício de uma cirurgia preventiva. A visualização da placa estreitando a luz da artéria na escala de cinza é o primeiro passo nessa avaliação. O uso da cor acrescenta informações pois, a depender do grau de alterações na dinâmica do fluxo vascular causado por essa placa, vemos uma desordem progressiva nas cores, com um ponto de grande variação colorida no local onde se encontra a placa devido ao turbilhonamento do fluxo aí presente. Nesse ponto medimos a velocidade do fluxo através do doppler, gerando um gráfico/traçado que mostra a velocidade do sangue que é maior quanto maior o grau de estreitamento no local (funciona como uma mangueira de jardim que comprimimos a extremidade quando queremos que a água saia com mais velocidade e atinja um ponto mais longe esse jardim). A medida de velocidade no ponto de maior estreitamento carotídeo é o principal parâmetro na determinação do grau de estenose do vaso. Estenoses muito importantes, chamadas de sub oclusão, podem apresentar velocidades normais ou reduzidas pois o estreitamento é tão intenso que permite a passagem de pouco sangue e em baixas velocidades, sendo importante correlacionar o resultado da velocidade com as imagens em escala de cinza e em cores para esse diagnóstico. A não identificação de fluxo através do modo colorido e do traçado de doppler, mesmo com incremento na sensibilidade do aparelho na identificação do fluxo, sugere obstrução do vaso.

Outras alterações das carótidas e vertebrais também podem ser avaliadas através do exame de Ultrassom Doppler Colorido: aneurismas, tortuosidades, dissecções (delaminação do vaso), arterites (inflamações) e outras doenças, como a displasia fibromuscular.

Após tratamentos cirúrgicos ou colocações de stents nas carótidas o Doppler Colorido também permite o acompanhamento desses vasos, avaliando o resultado dos procedimentos tanto a curto quanto a longo prazo.

Assim, o Doppler Colorido das Carótidas e Vertebrais pode trazer inúmeros benefícios no diagnóstico e acompanhamento dos pacientes, sendo um dos exames realizados durante o Check-up cardíaco e vascular.

Nós da Medicina Premium estamos à disposição para esclarecer dúvidas quanto a este e outros assuntos e contamos com uma profissional qualificada e equipamento adequado para a realização deste exame.

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