Endourologia: A revolução no tratamento dos Cálculos Urinários

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A endoscopia do trato urinário (visualização do trato urinário por orifício natural – uretra) representou uma evolução natural do desenvolvimento tecnológico dos aparelhos endoscópios. Inicialmente, em meados dos anos 70, eram utilizados cistoscópios (aparelho utilizados para visualização de uretra e bexiga) pediátricos para avaliação do ureter distal (canal que liga o rim a bexiga) de adultos, devido a compatibilidade desses aparelhos com o estreito calibre da uretra. Entretanto, o tratamento endoscópico de cálculos ureterais distais foi inicialmente realizado com ureteroscópios rígidos bem mais calibrosos que os utilizados atualmente, em combinação com litotridores (aparelhos utilizados para fragmentação de cálculos) eletro-hidráulicos ou ultrassônicos.

Com o desenvolvimento dos equipamentos e uma melhor compreensão do funcionamento das fibras ópticas, ocorreu a miniaturização dos endoscópios, possibilitando o surgimento de ureteroscópios finos, semirrígidos, agora mais precisos e menos traumáticos. Somado ao surgimento do Holmium-Yag Laser (tipo de laser com comprimento de onda mais efetivo para a fragmentação de pedras) como opção para tratamento de cálculos em qualquer posição e qualquer composição, ocorreu uma revolução nos protocolos e tratamento da urolitíase, consolidando de uma vez por todas a Endourologia como uma atraente modalidade de tratamento dos cálculos urinários. Dessa forma a Endourologia é hoje o método mais eficaz e um dos menos traumáticos para tratamento de cálculos, em qualquer posição em que se encontrem alojados.

Para cálculos de ureter médio e distal (a grosso modo aqueles que estão mais próximos da bexiga, ou seja, abaixo da altura da porção superior do osso da bacia ou de forma mais simplória abaixo da cicatriz umbilical), podem ser tratados com o aparelho rígido (que hoje é extremamente fino) permitindo a fragmentação de cálculos sem grandes traumas ao trato urinário. A partir da década de 90, com a evolução dos aparelhos semirrígidos, esse método se consagrou como padrão-ouro para o tratamento dos cálculos ureterais médio-distais. O método continua a evoluir graças ao advento de câmeras digitais e avanços nas fontes de fragmentação de cálculos. A disponibilização destes novos aparelhos propiciou um grande aumento na taxa de remoção de cálculos e uma redução na morbidade (número de complicações) do procedimento, levando dessa forma a uma disseminação universal do método. A ureteroscopia semirrígida é o método de eleição para o tratamento de cálculos de ureter distal com taxa de pacientes livres de cálculo de 94% contra 74% da Litotripsia Extracospórea por Ondas de Choque (LECO). Para cálculos de ureter médio e superior, essas taxas situam-se entre 77% e 91%, conforme o tamanho do cálculo, número melhor do que aquele obtido com a LECO, que varia entre 41% e 82%.

No caso de cálculos de ureter proximal (acima da porção superior do osso da bacia/cicatriz umbilical) e cálculos no interior do rim, a grande invenção foi a Ureteroscopia Flexível com fragmentação a laser dos cálculos. Esse método revolucionário, permitiu o acesso endoscópico a partes do trato urinário até então só acessíveis por métodos cirúrgicos mais invasivos. Desse modo, o ureteroscópio flexível é uma evolução importante na ureteroscopia e deu origem a um novo conceito em endourologia que é a chamada cirurgia retrógrada intrarrenal. Graças à sua flexibilidade, permite que o ureter superior e as porções do trato urinário no interior do rim sejam atingidos por via retrógrada (de baixo para cima) e que cálculos localizados nestas posições sejam fragmentados ou removidos pela uretra, sem a necessidade de orifício ou corte. Esse recurso, relativamente novo na prática urológica, facilita muito o trabalho em pacientes obesos ou não e dos portadores de coagulopatias (alterações que aumentam o risco de sangramento), em que a cirurgia percutânea (por corte na pele) por vezes é difícil ou contraindicada. O baixo potencial de sangramento da ureteroscopia permite que o paciente seja operado sem a suspensão de medicações anticoagulantes (medicações utilizadas para “afinar” o sangue). Além disso, é bastante útil nos pacientes com cálculos renais e ureterais concomitantes, pois permite sua remoção em uma única cirurgia.

Com a evolução dos aparelhos flexíveis e aumento da potência e segurança dos aparelhos de Holmium-Yag Laser, o uso dessa técnica tem permitido a fragmentação de cálculos cada vez maiores (antes restritos a até 2 cm) e mais rígidos em menor número de sessões. Isso tem reduzido de forma exponencial a necessidade do uso de técnicas mais invasivas e sujeitas a maior número de complicações como a Nefrolitotripsia Percutânea, por exemplo. Com a Ureterorrenolitotripsia Flexível a Laser é possível que o paciente seja operado e receba alta no mesmo dia, além de retomar suas atividades habituais mais precocemente. Além disso, é possível realizar a fragmentação dos cálculos renais, antes mesmo que esses atinjam o ureter e causem a tão temida cólica renal. Hoje é consenso em Urologia que a cirurgia flexível revolucionou o tratamento dos cálculos urinários, pois reduziu drasticamente a morbidade do paciente portador de cálculo renal e de ureter proximal.

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