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Você sabia que nem todos os inchaços são causados por problemas venosos? Os edemas (inchaços), principalmente os dos membros inferiores, podem ser causados por doenças sistêmicas (problemas cardíacos, renais, hepáticos, desnutrição, alterações hormonais, etc), doenças venosas (varizes, trombose venosa profunda, insuficiência venosa crônica), doenças linfáticas (erisipelas e linfedema) ou por uma associação desses e de outros fatores.
Os vasos linfáticos são um tipo de vaso pouco conhecido pela maioria das pessoas. São vasos muito finos, como fios de cabelo, espalhados por todo o corpo, responsáveis por auxiliar no transporte de células de defesa, proteínas e também do líquido que se acumula entre as células. Por serem estruturas muito delicadas, frequentemente são lesadas por traumas, cortes, infecções, cirurgias, etc. Consequentemente a área que era drenada pelos vasos danificados fica mais sujeita a infecções (como celulite e erisipela, por exemplo), à formação de inchaços (edema) e a alterações no aspecto e espessura da pele, causando o que chamamos de Linfedema Secundário. Existe uma outra situação que pode cursar com inchaços relacionados aos vasos linfáticos: em algumas pessoas, durante o desenvolvimento intra-uterino, pode haver uma alteração na formação da rede de vasos linfáticos e uma menor disponibilidade desse tipo de vaso em uma ou mais regiões do corpo, levando ao que denominamos Linfedema Primário. Em geral os sintomas e sinais dessa doença podem não estar presentes ao nascimento ou na infância, só se manifestando na juventude ou idade adulta, ou após algum tipo de trauma local que cause um desequilíbrio na função dos vasos remanescentes.
O linfedema raramente se associa à dor quando se trata de uma doença isolada e sua principal manifestação é o aumento progressivo de volume do membro. Em geral, quando acomete os membros inferiores, atinge dedos e o dorso do pé, regiões usualmente poupadas na doença venosa. Além disso, o edema do linfedema pode se associar a presença de lesões semelhantes a verrugas, nos casos crônicos, e extravasamento de líquido pela pele, nos casos agudos. Edemas de causa venosa normalmente desaparecem com elevação das pernas durante repouso noturno. Já no linfedema, o tempo para desaparecimento do inchaço pode ser bem maior, necessitando de 3 a 4 dias de repouso e, nos casos mais crônicos, pode ser permanente.
O linfedema é uma doença crônica, evolutiva, sem cura, apenas passível de controle. Quanto mais precoce o diagnóstico, melhores os resultados, prevenindo a evolução para os estágios mais avançados da doença, ocasião em que tanto a questão estética quanto funcional estão bastante afetadas e são poucos os benefícios atingidos com o tratamento.
O tratamento do linfedema em geral se baseia em mudanças do estilo de vida, com ajuste da alimentação (evitando alimentos que aumentem a retenção de líquidos no corpo), prática regular de atividades físicas (evitando atividades de impacto que possam causar novas lesões ao sistema linfático), controle do peso corporal (facilitando a drenagem linfática e venosa), uso de compressão extrínseca (meias ou bandas elásticas ou inelásticas, a depender do grau do linfedema e estágio do tratamento), drenagem linfática e, em alguns casos, uso de medicações linfocinéticas. A essas orientações somamos o cuidado com a pele a fim de evitar lesões e infeções que poderiam agravar o quadro.
Sendo assim, faz-se muito importante a procura por um angiologista/cirurgião vascular diante do aparecimento de qualquer edema em membros (tanto superiores quanto inferiores), independente da idade. Esse especialista é o profissional capacitado para diagnosticar ou excluir as causas vasculares (sejam elas venosas, arteriais ou linfáticas) do edema, instituindo precocemente o tratamento a fim de evitar a progressão da doença, garantindo qualidade de vida e melhores resultados estéticos aos pacientes. E, uma vez feito o diagnóstico e iniciado o tratamento, visite regularmente seu médico. O linfedema tem controle e os resultados dependem de uma boa orientação e acompanhamento médico associados ao comprometimento e engajamento do paciente com o tratamento!
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