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O tabagismo é o fator de risco modificável mais importante para o desenvolvimento da aterosclerose obliterante periférica (AOP), doença responsável pelo progressivo estreitamento da luz das artérias e diminuição da oferta de sangue oxigenado para os órgãos e tecidos de todo o corpo.
O desenvolvimento da aterosclerose periférica nos tabagistas é 3 a 4 vezes maior do que nos não fumantes e, neles, os sintomas da doença costumam aparecer uma década antes dos demais.
Cerca de 90% dos indivíduos com AOP em membros inferiores fumaram por pelo menos 10 anos e o risco de sintomas, como claudicação intermitente (dor durante a caminhada que cessa com o repouso), é 9 vezes maior em pessoas que fumam mais de 15 cigarros/dia em comparação com não fumantes.
O risco de AVC entre os fumantes é aumentado em 2 a 3 vezes. A maioria dos hipertensos por doença arterial renal também é tabagista. O fumo também é importante fator de risco para o infarto do miocárdio, principalmente em jovens, além de aumentar a incidência de morte súbita de origem cardíaca.
Aparentemente o risco de desenvolver aterosclerose periférica é maior do que o risco de aterosclerose coronariana em tabagistas, ainda não se conhecendo o motivo dessa associação.
Pacientes com doença arterial periférica e que pararam de fumar têm melhor evolução do que aqueles que mantém o vício, com menor ocorrência de dor em repouso, menor necessidade de cirurgias, menor ocorrência de amputações, menos infartos do miocárdio e menor ocorrência de morte. Pacientes submetidos à cirurgias para tratamento da AOP que continuam fumando apresentam, também, maior insucesso e ocorrência de oclusão dos enxertos e stents.
A relação entre o tabagismo e a aterosclerose é complexa e ainda não completamente estabelecida. Acredita-se que seja um acelerador da doença e não um iniciador dela.
O tabagismo causa uma série de efeitos no organismo como lesão direta às células dos vasos pelos componentes do cigarro, redução da disponibilidade de oxigênio para os tecidos, aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, aumento da tendência à coagulação do sangue, contração da musculatura das artérias, diminuição do fluxo sanguíneo para a pele e diminuição da imunidade do corpo. A gravidade da doença parece também estar associada a quantidade de cigarros fumados por dia.
A combustão do cigarro leva a formação de monóxido de carbono (CO), considerado um importante causador da aterosclerose. Ele se liga às hemoglobinas (células vermelhas do sangue responsáveis por carregar o oxigênio para os tecidos) e diminui a disponibilidade dessas células para o transporte do oxigênio. Além disso, o CO aumenta a permeabilidade das células das artérias aos lipídios (colesterol) e, juntos, esses fatores levam a insuficiência circulatória.
Substâncias presentes no fumo, como a nicotina, aumentam a produção de adrenalina, favorecendo a contração da musculatura dos vasos, aumento da pressão arterial, frequência cardíaca e, consequentemente, aumentando a força com que o sangue flui através das artérias, podendo lesar as paredes internas dos vasos, facilitando a ocorrência de trombose.
Todos esses dados mostram claramente a importância do abandono do hábito de fumar o tratamento da doença circulatória, não só na prevenção do aparecimento da doença como também no controle da doença já estabelecida e no sucesso dos tratamentos instituídos.
Sabemos quão difícil é se obter sucesso quando se trata de deixar de fumar, mas a conscientização dos malefícios do cigarro e o desenvolvimento do desejo de abandonar o vício são os primeiros passos para alcançar o objetivo. Procurar ajuda médica é muito importante, existindo hoje à nossa disposição inúmeras medicações e terapias que podem ser associadas visando melhora nas taxas de sucesso.
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Nós da Medicina Premium estamos à disposição para atendê-los e esclarecer outras dúvidas sobre o tema.